Apesar de nas semanas anterior já se terem sentido temperaturas negativas esta semana foi demais.
Terça-feira era dia de bidiário e às 6 da manhã já estava à porta de casa pronto para ir começar. Mas antes de isso acontecer ainda ponderei bastante se o ia fazer ou não. É que quando olhei para o telemóvel para ver qual a temperatura que estava dizia -13º C!
E sabem como nos dias de primavera ou verão está uma certa temperatura mas que com os factores envolvente (humidade, vento, etc) a temperatura que nós sentimos é maior ou menor? Pois bem, segundo os dados da metereologia aqui, devido à neve que caía e ao vento que se fazia sentir (50 km/h) a temperatura que iríamos sentir seria semelhante a -27 ºC!!!
Ora sabendo o que me esperava tinha de me vestir apropriadamente para ver se não ficava congelado a meio do percurso.
A vestimenta que tenho para este tempo é constituída por uma camisola interior térmica (utilizada em desportos de neve) que comprei em França por estar em promoção. As minhas velhinhas calças térmicas que já fizeram centenas de kms a acompanhar-me. Depois outro par de calças, mas estas eram impermeáveis para ver se ajudava um pouco a cortar o vento. Além disso mais uma camisola grossa de corrida e por fim o impermeável que vai sempre comigo quando esteja o mínimo de frio.
Além disso ainda meto 2 pares de luvas e a lanterna para poder ver onde ando.
A semana passada chegou-me o meu último acessório: uma balaclava. A ideia é boa: proteger a cara e deixar apenas espaço para os olhos mas para mim durou 5 minutos. Isto porque assim que comecei a correr estava quase a desmaiar devido à falta de oxigénio. Posto, isto tive de tirar a balaclava e correr sem nada na cabeça.
A balaclava. Sempre fica para se usar na rua já que não posso usá-la nos treinos. |
Ora, depois de ter saído de casa, ter começado a correr e ao fim de 5 minutos ter tirado a balaclava até nem me sentia muito mal. O problema foi quando desci para o parque onde costumo fazer uma volta pequena. Mas acabei a descida tinha neve pelos tornozelos, mas teimoso como sou decidi fazer o restante km a pensar que se calhar aquilo melhorava lá para a frente. Na verdade melhorou quando saí do parque mas só a parte da neve, porque quando fiz o retorno para regressar ao ponto de partida apanhei com o vento tudo de frente e com a neve toda a bater-me na cara.
Nessa altura pensei que me fossem cair as orelhas porque estas já me estavam a arder do frio e foi assim com aquele vento todo e eu a esforçar-me ao máximo para que os 2 km naquele segmento acabassem que tive de me meter em modo sofrimento para passar nessa zona. Note-te que quando digo que me ia a esforçar ao máximo estava a fazer ritmos de 5:00 ou 5:20 ao km. Só para terem uma ideia do giro que foi.
Assim que passei essa parte e deixei de sentir o vento de frente foi carregar no pedal até casa. Novamente carregar no pedal implica ir um pouco abaixo dos 5:00 ao km porque com tanta neve fico a fazer uma espécie de treino em areia.
No treino da tarde estava planeado fazer 10 rampas de 100 metros e a zona que eu escolhi para as fazer distava cerca de 20 minutos a correr. O vento e o frio continuaram o dia todo (-13 ºC de temperatura e sensação de -27 ºC), o problema agora é que a neve caía ainda com mais intensidade e muito mais pequena. Quando uma pessoa vê isso nos filmes até pensa que é giro, agora quando é para ir treinar/trabalhar ou algo do género já não fica com essa ideia.
Após chegar a meio do percurso fui obrigado a voltar para trás. Além de não conseguir ver um metro à minha frente o vento era tanto que parecia que estava a andar e não a correr. Mal me virei para lado oposto foi desatar a correr sem esforço por causa do vento que me empurrava. Acabei por fazer as rampas noutro sítio sem bem que na modalidade de esqui alpino pois eram rampas + neve + frio tudo ao mesmo tempo.
Outro problema crítico é além da neve é o gelo que se encontra na estrada. Por esse motivo os treinos de corrida contínua têm sido um problema porque a maior parte do tempo estou a tentar manter o equilíbrio, daí que não dê para fazer os ritmos inicialmente previstos.
Na quinta era dia de treino intervalo em pista, ou pelo menos era isso que eu esperava. Assim que saí de casa para aquecer fui directo à pista ver como estava. Mas haver pista era mentira, uma camada de neve com mais de 20 cm tapava-a completamente e nem um vislumbre das marcações. Resultado: treino intervalo feito na passadeira do ginásio. Claramente que não é o mesmo, mas tem de servir para remediar.
À tarde as estradas já estavam um pouco mais limpas e depois para fazer um treino ligeiro de corrida antes de ir fazer trabalho de pliometria.
Outra coisa que agora me tem acontecia é acabar os treinos com a cara gelo com barba, pestanas incluída. Tentei tirar uma foto a mim próprio mas o tempo de chegar ao telemóvel faz com que o gelo derreta. Fica uma foto que é bastante semelhante.
Não sou eu, mas garanto que quando acabo de treino estou igual! :) |
E mais um pequeno aparte que não tem nada a haver com isto, mas que ajuda a pôr as coisas em perspectiva: percam, ou melhor ganhem 12 minutos a ver este pequeno documentário. É por estas coisas que se percebe que queixar porque está demasiado frio ou chuva é algo menor quando comparado com outras coisas. Vale tanto a pena ver.
Até ao próximo post, bons treinos e melhores corridas.
João