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domingo, 24 de agosto de 2014

ENDURrun 2014 - Uma experiência única

Única. Indescritível. Extraordinária. Muitos podiam ser os objetivos que caracterizam a ENDURrun e todos eles seriam adequados para descrever aquela que foi de longe a prova que mais prazer me deu fazer. Além de ser uma prova que foge às tradicionais provas de um dia, muitos outros aspetos fazem com que esta seja uma corrida única em todos os sentidos. Este post serve para tentar exprimir por palavras todas esta fantástica aventura que nunca tinha imaginado fazer até ao dia em que me apresentei na linha de partida para a 1ª etapa.

A premissa era simples: 8 dias, 7 etapas, 160 km, 1 corredor duro ou resistente (“tough”). Nestas 7 etapas diversas distâncias esperavam os atletas com mais diversos tipos de terreno (estrada, corta-mato, trail, montanha e combinações destas possibilidades) e com as mais variadas extensões (desde os 10 à maratona).

Como tudo começou

Comecei a pensar em participar nesta prova cerca de 2 meses antes de ela começar. Tinha feito os 10 km de Waterloo onde tinha como objectivo bater o meu recorde aos 10 km, mas com problemas musculares na semana antes da prova e durante a mesma, apesar de o batido o meu melhor tempo não foi o que eu queria daí querer ter outro objectivo até ao fim da época.

Confesso que já tinha passado os olhos mais do que uma vez pela ENDURrun, mas sempre achei que era muito difícil de a fazer pela quantidade de provas em sequência e pela existência de uma maratona no último dia. Quem me conhece sabe que sempre disse que só faria uma maratona depois dos 30 e muitos anos pois possivelmente teria de sofrer muito para a acabar e depois poderia perder o prazer de correr. Bem acabei por antecipar essa escolha e estou bastante satisfeito com ela. No entanto, apesar do excelente tempo que considero ter feito para estreia na maratona e sem preparação específica para a mesma, acho que não farei outra assim tão cedo, devido ao nível de preparação que sei que é necessário e porque eu iria querer prepará-la decentemente. Mas… “nunca digas nunca”!

Ambições, objetivos e previsões

Inicialmente o meu objetivo era terminar a ENDURrun sem problemas musculares e num tempo inferior a 12:50:00. Acabei por dinamitar por completo este tempo acabado em 11:32:24, ou seja com menos 1 hora e 17 minutos que o tempo previsto.

Em termos de ritmo médio foram 160 km percorridos a uma média de 4:20 / km.

Após as primeiras duas etapas e tendo visto o nível dos meus “adversários” mais diretos pensei que me teria de me contentar com o 7º lugar da classificação geral. Afinal de contas tinha “apenas à minha frente” 3 antigos vencedores da prova (Stefan, Rick e Mark), 1 antigo segundo classificado (Pattrick), um participante em etapas do campeonato do mundo de IronMan (Christian) e uma máquina de corrida em forma de pessoa (Matthew).

Com o decorrer da prova, e especialmente após os 30 km em corta-mato, comecei a achar que podia ambicionar a algo mais e comecei a apontar para o top-5. No dia da maratona tinha uma vantagem de 11 minutos para gerir para manter o 5º lugar e apesar de estar a apenas a 4/5 minutos do 3º e 4º lugar sabia que a experiência e muita quilometragem dos restantes atletas iria fazer a diferença naquela que seria a minha primeira maratona. Acabou por se notar isso especialmente na segunda metade na mesma, mas ainda assim fui capaz de defender o meu 5º lugar.

Quantos às minhas previsões e às do meu treinador para os tempos a realizar em cada etapa antes do início da ENDURrun essas podem ser vistas em baixo.

Etapa
Minha previsão
Previsão do treinador
Tempo realizado
Meia-maratona
1:30:00
1:30:00
1:24:32
Contra-relógio 15 km
1:05:00
1:01:00
0:59:09
Corta-mato 30 km
2:25:00
2:17:00
2:12:51
10 milhas sobe e desce
1:13:00
1:19:00
1:03:09
Corta-mato 25.6 km montanha
2:17:00
2:20:00
2:11:00
Contra-relógio 10 km
0:44:00
0:40:00
39:15
Maratona
3:35:00
3:24:00
3:02:05

Quer as minhas previsões quer as do meu treinador foram demasiado conservadoras para a forma em que acabei por me exibir na prova. Antes assim do que o contrário.

Melhores momentos

Tantos! Sem dúvida que a vitória na Etapa 4 foi aquele que mais facilmente me vem a cabeça, especialmente por ser nunca etapa difícil e pela concorrência nunca ter facilitado nada. Esse foi o dia em que me senti melhor nas etapas e que decidi atacar de longe para tentar a minha sorte. As dificuldades inerentes da etapa (sobe e desce constante e muito vento contra na segunda metade da prova) só ajudaram a abrilhantar mais esta vitória.
Vitória na etapa 4 (Foto de Julie Schmidt)
O final da maratona foi igualmente um dos melhores momentos. Pelo facto de a ter feito e de ter acabado uma semana de competição que tão cedo não irei esquecer. Ter também a Susana à minha espera na meta no último dia fica guardado nos melhores momentos.
Onde tudo acabou (Foto de Natascha)
Pior momento

Não foi “o” pior, mas sim o mais difícil. Na última volta do percurso do corta-mato de montanha foi preciso reunir todos os bocadinhos de energia que ainda tinha para não quebrar e para tentar minimizar o tempo perdido especialmente por nesta altura já estar a correr sozinho. Nas últimas subidas na seção de trail final já só queria parar e andar tal era o peso que sentia nas minhas pernas.
A sofrer na subida de sky (Foto de Julie Schimdt)
Resultado final

Nunca antes de começar a ENDURrun sonhei em andar a competir directamente com os primeiros classificados da geral muito menos acabar por vencer uma etapa, por isso posso dizer que em termos desportivos toda esta experiência excedeu as minhas melhores expectativas.
Cheguei à última etapa com hipóteses realistas de discutir um lugar no top-3 algo que também esteve sempre fora da minha ideia durante a preparação para a ENDURrun.

O pós-corrida

Sem palavras. Quando regressar a Portugal irei tão mal habituado. Após cada corrida tínhamos um banquete à nossa espera. Havia ainda a preocupação de adaptar a comida existente às necessidades dos atletas presentes (por exemplo comida só vegetariana para alguns).

Não era apenas a garrafinha de água no final e a peça de fruta. Era todo um vasto leque de opções providenciadas por voluntários incansáveis sempre prontos a ajudarem os atletas.

Os abastecimentos ao longo de cada etapa estavam distribuídos a cada 2.5 ou 3 km sempre com géis energéticos (para provas iguais ou superiores à meia-maratona) e sempre com água ou bebidas dos sais. 

Além disso haviam sempre voluntários em diversos pontos do percurso apenas com a “função” de apoiar e encorajar os atletas que por ali passavam.

Uma palavra também para a equipa fotográfica (também de voluntários) que ao longo de cada dia tirou milhares de fotos que depois de tratadas são disponibilizadas ao atletas gratuitamente. Sem dúvida outro ponto a favor nesta corrida.

Agradecimentos

Segue-se agora a parte dos agradecimentos. Extensíveis a todos aqueles que de uma forma ou outra me ajudaram ao longo desta etapa de preparação e durante o decorrer na prova.

À Susana tenho de agradecer a paciência por aturar o meu horário de treinos e compreender o quanto eu gosto de “sofrer” (como ela diz) e por ter estado na linha de meta no dia da maratona à minha espera.

Aos meus pais que todos os dias me foram dando apoio depois das provas (especialmente a minha mãe que dizia para eu não me esforçar muito nas provas J)

Ao meu treinador, Fábio Pinto, por me ter colocado na melhor forma da minha com apenas 6 semanas de preparação exclusiva para esta prova. O trabalho que fomos desenvolvendo acabou por dar frutos visíveis nesta última semana da época.

Ao Brian Sklar, da Relax and Restore Massage Services, que aceitou patrocinar sobre a forma de tratamentos de recuperação muscular/massagem, esta minha aventura. Deu-me uma enorme ajuda especialmente nas semanas mais duras e mesmo na semana da prova.

Ao Jorge Branco pelo trabalho de divulgação deste blog durante esta minha aventura.

Os restantes agradecimentos são para pessoas relacionadas com a ENDURrun. A todos aqueles, atletas ou voluntários, que eu não mencionei as minhas desculpas sabendo, no entanto, que todos foram importantes para que eu pudesse chegar onde cheguei.

À família Schmidt (Lloyd, Julie e Jordan) que durante 1 semana nos trataram como família e coordenada dezenas de voluntários para que nada nos faltasse.

Aos fantásticos participantes da ENDURrun que mesmo em competição não deixam de se apoiar uns aos outros criando laços de amizade e um grande espírito de união.

Tenho de agradecer àqueles que mais perto privei durante a competição: Stefan, Christian, Rick, Patrick, Mark e Matthew. Todos eles, mas especialmente, os 2 primeiros (por terem sido aqueles com quem corri durante mais tempo), elevaram os meus níveis competitivos para níveis nunca antes atingidos e fizeram com que me tornasse um atleta diferente, para melhor. Não irei esquecer as dezenas de kms que fiz na companhia do Stefan e do Chris especialmente nas etapas de corta-mato onde mesmo a sofrer ainda fomos capaz de rir uns bocados em conjunto durante as provas.
Dezenas de kms na companhia destes atletas (Foto de Julie Schimdt)
Refiro apenas alguns dos atletas da ENDURrun com quem privei mais diretamente. Mesmo não mencionando todos os outros saibam que não me esquecerei de vocês. Primeiramente tenho de agradecer à Michelle Lennox que durante 8 dias me deu boleia para as provas e para os convívios extra-prova, além disso é super simpática e deu também imenso apoio antes e depois das provas. Agradeço ao Paul Mora por ser um atleta tão simpático sempre apoiando os outros atletas durante a sua própria prova. Ao Steve Mahood e Una Beaudry por serem um casal tão simpático e atencioso. Ao Andrew Moiser e ao seu banjo que sempre me puseram um sorriso na cara mesmo quando estava a sofrer nas provas, a única excepção foi na última volta dos 25.6 km de corta-mato por razões óbvias. Ao Ben Hack, Chris Duke, Mark McDonald, Holger Kleinke, Jack Kilislian, Dusan Mataruga por serem excelentes  pessoas e atletas. Ao Andrew e Heather Heij por me terem recebido no seu barbecue como a um amigo. À Joanne Bink, Deirdre Large e Val Gudmundson pelo apoio que foram dando nas provas. Estes agradecimentos são extensíveis a todas as atletas femininas, referindo ainda a Mindy Fleming por se ter aguentado tanto tempo junto dos rapazes.

Finalmente resta-me agradecer a todos aqueles que me foram dando o seu apoio aqui no blog.

Espero um dia voltar a fazer esta competição, sabendo que tal não é fácil especialmente em termos logísticos, mas quem sabe.

Termino esta prova assinando do modo como toda a gente me passou a chamar após a 2ª etapa, devido à dificuldade em pronunciarem o meu nome.


"O teu nome é muito díficil de dizer. Mais vale chamar-te J!" (Foto de Julie Schimdt)
Até à próxima, bons treinos e melhor corridas.

J

sábado, 23 de agosto de 2014

ENDURrun 2014 - A unique experience - English version

Unique. Indescribable. Extraordinary. Many could be the adjectives to describe the ENDURrun and all of them would fit perfectly to describe a race that was, by far, the one that gave the most pleasure to participate. Besides being a race that is in ways different from the typical “one day races”, many other aspects made it an exceptional race in every way. This final recap intends to express by words all this amazing adventure, that I would never imagined I would do, until the day I showed up on the starting line for the first stage.

The premise is simple: 8 days, 7 stages, 160 km, 1 tough runner. In these 7 stages, many different types of courses (road, cross-country, trail, mountain and combinations of these) and with different lengths (ranging from 10 km to the marathon) expected the athletes.

How it all began

I started to think in participating in this race about 2 months before it began. I had raced the Waterloo 10 km Classic where I had the objective to beat my personal best at the distance, but in the last week of training muscular problems appeared and, although I've made a new personal best, I wasn't satisfied with it and I wanted to have a new challenge until the end of my running season.

I must say that I've looked several times by ENDURrun since my arrival at Waterloo, but I always thought that it was very hard to do because of to the amount of races, their sequence and the existence of the marathon on the last day. Those who know me always heard me say that I would only try to do the marathon way after my 30’s, as it would take a lot of suffering to finish it and I could lose my pleasure on running. However, I chose to anticipate it and I’m very happy with the result. Now, that I’ve finished I can say, that despite my good time and without any specific preparation, I believe that I won’t be doing any other any time soon. But… “never say never”!

Ambitions, objectives and forecasts

Initially my objective was to finish the ENDURrun without any muscular problems and with a total time below 12:50:00. I ended up blowing completely the finishing time with 11:32:24, meaning minus 1 hour and 17 minutes than I was expecting.

Averaging, it was 160 km at a 4:20 / km pace.

After the first 2 stages and seeing the level of my closest “opponents” I thought that I would have to settle for the 7th place in the overall. After all, on the places above mine I had “only” 3 former ENDURrun winners (Stefan, Rick and Mark), 1 former 2nd place in the ENDURrun (Pattrick), one participant in world stages of the IronMan (Christian) and one running machine disguised as a person (Matthew).

As the ENDURrun went on, and especially after the 30 km cross-country at Bechtel, I started to believe that I could aim for a better position especially for top-5. On the marathon day I had a 11 minute advantage do manage in order to keep my 5th place in the overall classification. Although, I was only 4 to 5 minutes behind the 3rd and 4th places I knew that the experience and the high mileage of those athletes could make a difference in my first marathon. That experience ended up appearing, especially in the second half of the race, but I still managed to defend successfully my 5th place.

As far as my and my coach expected results for finishing times in each stage before the beginning of the ENDURrun they can be seen in the table below.

Stage
My expectation
Coach expectation
Final time
Half-marathon
1:30:00
1:30:00
1:24:32
Time trial 15 km
1:05:00
1:01:00
0:59:09
Cross-country 30 km
2:25:00
2:17:00
2:12:51
Hilly 10 miles
1:13:00
1:19:00
1:03:09
Alpine cross-country 25.6 km
2:17:00
2:20:00
2:11:00
Time trial 10 km
0:44:00
0:41:00
39:15
Marathon
3:35:00
3:24:00
3:02:05

Both mine and my coach expectations were clearly to conservative looking at the way I presented myself in the race. Better this way than the other way around.

Best moments

So many! Without any question that winning stage 4 is the one that comes easily to my mind, especially for being a tough stage and by the other athletes never eased a little during the race. That was the day where I felt better and decided to attack far away from the finishing line and try my luck. The inherent difficulties of this hilly stage and the strong wind felted on the second half of the race only helped to put some more shining on this victory.
Stage win at the Hilly 10 miller (Photo by Julie Schmidt)
The end of the marathon was also one of the best moments. Not only by the fact that I finished this amazing racing week but also for having Susana waiting for me in the finishing line.
Where it all ended (Photo by Natascha)
Worst moment

It was not the “worst”, yet the hardest. On the last lap on Chicopee I needed to gather all the little pieces of energy I had left in order to minimize the time loss and special because at this point I was running all by myself. On the last hills on the final trail section I just wanted to walk as I was feeling so heavy in my legs. This was “my mind over body moment” J
Suffering going up on Chicopee (Photo by Julie Schmidt)
Final result

Never, before I began the ENDURrun, I dreamed in competing directly with the top athletes of the overall classification or win a stage, so I must say that in sporting terms all this experience exceed my best expectations.

I reach the final stages with some realistic chances to battle for a place in the top-3, which was something out of my mind during my preparation for the ENDURrun.

The after-race

Without words to describe it. I’ll get back to Portugal so spoiled after all this. After each race we had a feast waiting for us. There was still the concern to adapt the food needs of every athlete.

It was not only the usual water bottle at the end of the race or a fruit. We had a complete set of different option given by tireless volunteers always ready to help the athletes.

The supplies given during all races were placed apart 2.5 or 3 km always with energy gels and always with water and with sports drinks. We had also several volunteers spread all around the courses ready to cheer for us when I passed by them.

One last word to the photography team (also composed by volunteers) that each day took thousands of photos. Those photos were then treated and made available to the athletes, freely. Another good point for this race.

Acknowledgements

And not we have the acknowledgements part. These are for those that one way of another helped me through this journey, either during its preparation or during the race.

To Susana I have to thank for all the patience to endure my time schedule for training and understanding how I like to “suffer” (in her own words) and also for being waiting for me on the finishing line of the marathon.

To my parents, that each day gave me support after the races over Skype (especially to my mother for saying everyday “do no push yourself too hard on the race”J).

To my coach, Fábio Pinto, for putting me in the better physical shape of my “carreer” only with 6 weeks to prepare this adventure. The work that both of us developed this year ended up given very good results at the end of this season.

To Bryan Sklar, from Relax and Restore Massage Services, who sponsored me by treating me during my preparation for the ENDURrun. He was of great help especially in the hardest weeks of training and even during the week of the ENDURrun.

To Jorge Branco, by his work on the divulgation of my blog during this week.

The following acknowledgments are for the people relate with the ENDURrun. To all those, athletes or volunteers, whom I don’t mentioned my apologies, but, be aware that all of you were important so that I could overcome this challenge.

To Schmidt’s family (Lloyd, Julie and Jordan) that during 1 week treated us like family and coordinated dozens of volunteers so that nothing we may lack nothing.

To the amazing participants in the ENDURrun that even during the completion all support each other created excellent bonds and a great spirit of unity.

I must thank to those who I spent more time competing: Stefan, Chris, Rick, Pattrick, Mark and Matthew. All of them, but especially the first 2 (as they were the ones with whom I spent more time running close), raised my competitive level to a point I’ve never reached before and made me a different athlete, for better. I will not forget the dozens of kms I’ve made with Stefan and Chris, especially in the cross-country stages, where even suffering we were able to laugh sometimes.
So many miles along these guys (Photo by Natascha)
I now refer only some athletes of the ENDURrun with whom I spend some more time. Even I don’t mentioned all of them beware I’ll never forget all of you. First of all I must thank to Michelle Lennox for during 8 days gave me a ride to the races and to the after-race “meetings”, also she is super nice and gave me a lot of encouragement before and after every stage. Then I thank Paul Mora for being such a nice athlete and person, always cheering for the other athletes. Also to Steve Mahood and Una Beaudry for being such a nice and thoughtful couple. To Andrew Moiser and its banjo, that always put a smile on my face when I was suffering in some stages. The only exception was the last lap at Chicopee, for obvious reasons. To Ben Hack, Chris Duke, Mark McDonald, Holger Kleinke, Jack Kilislian, Dusan Mataruga for being such a wonderful set of persons and atheltes. To Andrew and Heather Heij for having me in ther barbecue as a friend. To Kelly Thomas, Joanne Bink, Deirdre Large e Val Gudmundson by their support during the stages. These “thank you notes” are also extendible to all the female atheltes, and I must refer Mindy Fleming for being so nice and to for being able to stick up with the guys for so long.

Finally I have to acknowledge everyone who gave me their support in this blog.

I hope one day return and do this race again, knowing that it is not easy for logistical reasons, but who know.

I finish this review signing the way everybody started to call me during the ENDURrun, as most of the people involved had problems pronouncing my name J

"Your name is too hard to say. I might as well call you J!" (Photo by Julie Schmidt)
J


domingo, 17 de agosto de 2014

ENDURrun 2014 - Etapa 7 - Maratona

Modo sobrevivência activado. Última etapa desta fantástica experiência chamada ENDURrun. Hoje tínhamos a prova da maratona para percorrer.

O percurso era composto por um circuito de 2 voltas que era relativamente plano à excepção de 2 subidas: uma aos cerca de 14 km da volta e depois uma rampa final entre nos últimos 1.5 km da volta perto da meta.

A partida para a prova estava marcada para as 7:30 de modo a se ter uma temperatura agradável durante a mesma. Por distração pensei que apenas iria começar às 8:00 e quando fizeram a chamada é que percebi o meu erro o que me deixou apenas com 5 minutos para aquecer. Este percalço, a juntar-se ao nervoso miudinho com que estava desde a manhã, fez-me desconfiar bastante desta prova.

O meu objectivo hoje era apenas manter o 6º classificado da geral controlado (tinha cerca de 11 minutos de avanço para gerir) de modo a manter-me no top-5. Apesar de estar cerca 4 minutos do 4º e a 5 do 3º, o facto de nunca ter feito uma prova desta com esta distância e após uma semana tão dura (na verdade apenas tinha feito 3 treinos longos, entre 25 e 30 km, antes da ENDURrun), levava-me a crer, com bastante certeza, que dificilmente daria para cobrir essa margem.

Sabia ainda todos os problemas que normalmente aparecem nesta prova (problemas digestivos, falta de hidratação, atingir o muro, etc) daí ter pensado começar num ritmo lento e ir vendo como esta corria.

Já se sabe que entre o pensar e o fazer vai uma grande distância e dei por mim novamente junto do grupo que englobava do 3º ao 7º classificado da geral. O 1º (Matthew) arrancou novamente sozinho por ali fora e o 2º (Pattrick) distanciou-se um pouco à nossa frente. Ficava então um grupo formado pelo Stefan e Chris na luta pelo 3º da geral, eu e Rick na luta pelo 5º lugar e o Mark a espreitar o 6º lugar da geral. No nosso grupo seguiu também, durante alguns km, a 1ª classificada da geral feminina (Mindy).

Até aos cerca de 15 km o grupo foi sempre junto e por sermos tantos as passagens nos abastecimentos (colocados a cada 3 km) eram algo difíceis, mas mais uma vez uma grande notou-se um grande espírito desportivismo com os atletas a trocarem as bebidas e os géis sem qualquer problema.

Depois da passagem dos 18 km começaram as mudanças de andamento no grupo tendo-se formado 2 sub-grupos (Stefan e Chris ligeiramente mais à frente e eu, Rick e Mark logo atrás). Aqui tive o único susto da prova: comecei a sentir picadas na articulação atrás do joelho e comecei a ficar preocupado por ser ainda tão cedo. Decidi deixar os meus “adversários” passarem e optar por uma corrida com postura mais relaxada o que ajudou a que as picadas fossem cada vez mais espaçadas no tempo. Nesta altura tinha uma desvantagem de cerca de 10 segundos para o grupo donde tinha saído e vinha na companhia da Mindy, que já vinha em grande esforço e acabou por ficar para trás nessa altura.

A passagem à meia-maratona foi feita em 1:30:05, num tempo muitíssimo mais rápido do que aquilo que tinha inicialmente planeado. Foi aqui que a minha apoiante número 1 me deu as primeiras palavras de incentivo e um gel energético para tomar logo de seguida.

Daqui para a frente foi fazer sempre a prova sozinho tendo o Mark ficado para trás de mim à 1ª passagem pela meta. Mantive sempre o Rick em ponto de mira de modo a que ele não fugisse demasiado e sempre tranquilo em não forçar demasiado o andamento ainda com algum receio das picadas que senti antes. 
Felizmente, nos últimos 20 km esse problema não aconteceu.

A passagem na 1ª subida mais dura da prova foi talvez o momento mais complicado (eram cerca de 300 metros com alguma inclinação) pela dificuldade em manter o ritmo a que seguia (apesar de não ter baixado o ritmo significativamente). Após transpor a subida foi rolar novamente estrada fora sem grandes problemas.

Continuei a fazer bastante hidratação e a consumir alguns géis nas bancadas de abastecimento. Tantas foram as bebidas (pequenas quantidades ainda assim) que à passagem pelos 35 km senti que a bexiga estava prestes a rebentar. Ainda assim aproveitei as últimas 2 bancadas para uns goles de Gatorade e mais único gel energético.

À entrada para os 39 km e com cerca de 2 minutos de atraso para o Rick, decidi que à passagem aos 40 km iria forçar o andamento, se bem que não fosse ganhar nada com isso, apenas para mostrar que ter feito um top-5 nesta prova não foi uma mera coincidência. Assim foi e aproveitei o facto de ser a subir e aqui tive de me lembrar da etapa ganha após sobe e desce constante para ir buscar forças aos sítios mais escondidos e para acabar a prova o mais forte possível. Acabei por o fazer e terminei os 42.48 km em 3:02:05, o que perfaz uma média de 4:17 / km, tendo acabado em 6º lugar na etapa suficiente para manter, por larga margem o meu 5º lugar da geral.

As passagens a cada 5 km podem ser vistas na tabela seguinte (nem foi uma quebra assim tão grande na segunda metade da prova). Mais detalhes da prova podem ser visto aqui (http://connect.garmin.com/modern/activity/567658837) ou aqui (http://www.strava.com/activities/181692536).

Passagem ao km
Tempo
5
20:59
10
20:50
15
21:29
20
21:33
25
21:43

A passagem pela meta foi o melhor momento, pois além de ter terminado esta aventura espectacular, tinha ainda à minha espera a Susana para me dar os parabéns por toda esta semana J

Mais uma vez, comparativamente com a prova do ano passado, o meu tempo hoje dava para ganhar a etapa com cerca de 1 minuto de vantagem.

A prova acabou por ser ganha pelo Stefan que acaba por fazer um split negativo de 5 minutos na segunda metade da prova e que não chega ao 3º lugar por escassos 8 segundos!

Em termos da classificação geral acabei em 5º lugar (como já tinha referido) com um tempo total 11:32:05, que dava para vencer no ano passado com cerca de 10 minutos de avanço. No entanto, estou extremamente satisfeito com a minha prestação especialmente tendo em conta o tipo de prova que era.

Após uma boa sessão de massagem seguiu-se o reabastecimento de combustível e desta vez não poupei em toda a excelente comida preparada mais uma vez pelos voluntários desta prova.

Depois a entrega dos prémios e do convívio seguiu-se os momentos das despedidas (e agradecimentos públicos) e fui bastante cumprimentado por aqueles com quem mais directamente competi nestas últimos 8 dias (o top-7 da prova). A culpa foi também deles, por me terem forçado a aumentar (tanto) os meus níveis competitivos, que não pensava ter.

Agora seguem-se pelo menos 2 semanas de férias (bem merecidas) e depois iremos preparar a próxima época.

No próximo post irei (após deixar assentar toda esta experiência) fazer um resumo de toda esta semana, incluindo as minhas previsões para cada uma das etapas bem como agradecer a todos aqueles que, de alguma maneira, marcaram e ajudar a ultrapassar esta semana.

Resta-me agradecer a todos pelos incentivos e dicas que foram dando ao longo dos últimos dias que foram muito apreciados.

Um muito obrigado a todos J

João

sábado, 16 de agosto de 2014

ENDURrun 2014 - Etapa 6 - Contra-relógio 10 km

Penúltima etapa da ENDURrun. Seria nova prova em contra-relógio mas apenas com uma extensão de 10 km num percurso plano, de longas rectas e agradável (à excepção do vento) de se fazer.

A partida era novamente dada na ordem inversa à classificação geral pelo que fui o 5º a contar do fim a arrancar o que aconteceu por volta das 9 da manhã. O tempo estava fresquinho com algum vento a fazer-se sentir durante toda a prova.

O meu objectivo para esta etapa era manter sempre a distância para o 6º classificado da geral (Rick) e não ser ultrapassado pelo Stefan que partia um minuto depois de mim. A minha ideia era correr num ritmo confortável a rondar os 4:10 / km pois achei que ninguém se ia pôr com grandes aventuras hoje, tendo em conta que amanhã nos espera a maratona.

Após a partida fui sempre controlando a distância para o Rick e após cerca de 4 km comecei a ouvir passos a aproximarem-se e pensei que fosse algum atleta da estafeta. Surpresa minha era o Stefan que vinha a cavalgar por aí fora e apanhou-me um pouco antes dos 5 km. Tendo em conta que até ali tinha ido num ritmo descansado combinámos trabalhar em conjunto de modo a podermos chegar ao Rick e ganhar algum tempo nesta etapa. Assim foi e acabámos por fazer os restantes 5 km num ritmo mais alto e com cada a ir puxando alternadamente. A cerca de 1 km do fim chegámos junto ao Rick e eu dei mais um esticão de modo a cumprir o meu objectivo de não ser apanhado por nenhum atleta que partisse depois de mim (o que consegui por escassos segundos).

Fiz os primeiros 5 km num parcial de 20:03 e os segundos num tempo de 18:52 , o que dá um split negativo de 1:11 minutos, indicativo da mudança de ritmo que impus após o Stefan ter chegado ao pé de mim.
Acabei em 5º lugar na etapa o que me permite ir para a prova de amanhã na 5ª posição da geral. Os 10.1 km de prova foram feitos em 39:14 o que dá um ritmo de 3:53 / km. Mais detalhes sobre a prova podem ser encontrados aqui (http://connect.garmin.com/modern/activity/566391035) ou aqui (http://www.strava.com/activities/181059303).

De notar que entre o top-5 da etapa (e da classificação geral) houve apenas uma diferença de 1:14, indicativo o nível competitivo que se observado nesta prova, algo que não é muito comum com tanto atletas tão próximos uns dos outros com apenas uma etapa para o fim da ENDURun.

Após a corrida seguiu-se o ritual do costume: alongamentos, massagem e comida.

Para amanhã teremos o final da ENDURrun com a prova da maratona, onde eu parto com a desvantagem de nunca de ter feito nenhuma e os restantes 6 atletas do top-7 já têm muita experiência acumulada neste tipo de prova. A minha estratégia para amanhã já está na minha cabeça e independentemente do que acontecer ficarei bastante orgulhoso de toda esta semana de competição.

Agora basta-me descansar e preparar a prova de amanhã J

Hoje é dia de ir buscar ao aeroporto a minha apoiante número 1 que será uma força extra para a etapa de amanhã.

Obrigado novamente a todos pelas palavras de incentivo que ajudam imenso!

João

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

ENDURrun 2014 - Etapa 5 - 25.6 km Corta-mato de montanha

Dureza em estado puro! 
É aquilo que se pode dizer destes 25.6 km de corta-mato em montanha. A prova é composta por um total de 5 voltas cada uma com uma extensão de 5.12 km. A volta começa com uma subida gradual durante cerca de 1 km em terra batida e com muitas pedras soltas. Segue-se depois uma pequena seção de trail muito técnico com descidas muito inclinadas e constantes curvas com pouco espaço de manobra, naturalmente que nesta seção é um constante sobe e desce, com uma última subida curta mas dura que nos leva a uma descida de aproximadamente 300 metros quase a pique de modo a enfrentar o “monstro” que todos temem. Esse “monstro” é basicamente uma colina com cerca de 400 a 500 metros que é usada como pista de ski. Só daqui se pode ver qual a inclinação da mesma. 
Parte do "monstro" que tínhamos de ultrapassar por 5 vezes
Depois de ultrapassada esta parte novo percurso de trail ainda mais técnico as subidas são ligeiramente mais complicadas mas com algumas zonas onde é possível arriscar um pouco mais para tentar ganhar tempo. Em seguida nova descida a pique de cerca de 250 metros para última entrada num sector de trail que é usado como pista de btt, o que dá direito rampas de madeira usada para as bicicletas. O problema é que estas eram bastante instáveis e muito estreitas, o que com as constantes sequências de curvas não ajudava muito. Após este último segmento mais 250 metros a voar até à meta e depois “bastava” repetir mais 4 vezes.

Ontem fiz uma corrida ligeira para soltar os músculos a que se seguiu um banho de gelo durante cerca de 15 minutos e depois foi alongar e 2 horas de massagem para recuperar das primeiras 4 etapas.
Antes da prova fiz o habitual ligeiro aquecimento e apesar de já me ter sentido melhor noutros dias antes da prova confesso que não esperava responder tão bem à dureza da mesma. Sabia que hoje teria de ser um dia para forçar de modo não perder muito tempo para os atletas da frente e se possível ganhar algum para os que estavam atrás de mim.

Após o início da corrida, com uma temperatura fresquinha para a altura do ano, rapidamente 2 atletas fugiram (o Patrick que rebentou com a concorrência e ganhou com enorme vantagem e o Matthew que é aquele que tem maiores possibilidade de ganhar esta prova pela qualidade que tem vindo a demonstrar ao longo dos dias). Ficámos apenas 6 atletas (eu, Chris, Stefan, Rick e mais 2 da estafeta). Não tardou muito a que o ficasse apenas eu, o Chris e o Stefan seguidos de perto pelas equipas da estafeta. Até à 4ª volta não houve muita história, fomos alternando a liderança do grupo (eu a puxar na subida grande e no percurso de trail com mais curvas e subidas) e o Stefan a puxar na subida inicial e a fazer as descidas todas. Os últimos 20 metros do “monstro” eram sempre feitos a andar rápido pois era mais eficiente fazê-lo assim do que a correr devido à inclinação final.

Na subida mais difícil da 4ª volta houve um ataque do Stefan a que não tive pernas para responder e optei por seguir no meu ritmo seguido pelo Chris. Tentei depois recuperar o ligeiro atrasado para o Stefan arriscando mais no percurso de trail. Numa subida final da penúltima secção de trail acabei por sofrer uma queda que me fez perder algum ritmo e que senti dificuldade em retomar o andamento. Acabou por aproveitar o Chris que depois de me ajudar a levantar acabou por seguir e eu decidi continuar no meu ritmo.

Na última volta foi dar o tudo por tudo para tentar recuperar os segundos de diferença mas fazer as subidas e os percursos mais técnicos sozinhos foi bem mais difícil do que acompanhado. Nesta altura só me lembrava da única prova de trail que tinha feito até ao momento e daí até ao fim foi arriscar ao máximo nas subidas e tentar fazer as subidas e curva e contra-curvas do modo mais eficiente possível (se bem que a minha destreza não permitisse grandes variações de ritmo especialmente nas curvas mais apertadas). Ainda tive tempo de tropeçar mais uma vez no mesmo sítio onde tinha caído, mas desta vez sem consequências de maior.

No final acabei por perder um pouco mais de 1 minuto para o Stefan e para o Chris, o que não foi mau tendo em conta todas as incidências.

Acabei os 25.85 km em 02:11:00, o que perfaz um ritmo de 5:04 / km e que comparativamente com o ano passado dava vitória por mais de 7 minutos! Claramente que devia ter feito isto o ano passado J
Perfil da etapa
As 5 voltas do percurso foram feitas parciais de 26:02, 26:12, 26:14, 25:45 e 25:32, mostrando que mesmo com a queda foi possível forçar um pouco o ritmo e fazer uma segunda metade da prova mais rápida que a primeira, algo que para mim não é muito comum. Mais detalhes sobre a prova podem ser encontrados aqui (http://connect.garmin.com/modern/activity/565754536) ou aqui (http://www.strava.com/activities/180693126).

Além do cansaço físico hoje houve também muito cansaço mental pois era necessário estar sempre atento ao percurso para não colocar os pés em nenhum sítio que pudesse resultar em algum precalço. É possível que isso tenha ajudado na minha queda e do tropeção dado na última volta, mas de resto senti-me bastante bem.

Hoje tive o privilégio de houver apoio em Português o que me soube muito bem J

Após uma massagem pós-corrida para recuperar um pouco do esforço, seguiu-se a parte do banquete de doces e de alguns hidratos de carbono, fundamentais depois do esforço de hoje. Mais uma vez a comida preparada pelos voluntários estava um mimo.

Hoje temos um barbecue oferecido por um casal de participantes onde iremos aproveitar para confraternizar mais um pouco, tal como ocorre depois de todas as corridas.

Amanhã tem lugar o contra-relógio de 10 km onde serei o 5º da contar do fim a partir em virtude de ter subido a 5º lugar na geral. Ainda não pensei como será a minha estratégia para amanhã pois no Domingo temos a maratona.

Obrigado novamente a todos que me têm dado apoio ao longo desta aventura!


João

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

ENDURrun 2014 - Etapa 4 - 10 milhas sobe e desce

Hoje decorreu a 4ª etapa da ENDURrun. Esperavam-nos 10 milhas (16.1 km) num percurso em constante sobe e desce onde uma das subidas é conhecida por “Horror Hill” e com uma rampa final de aproximadamente 400 metros mesmo antes de chegar à meta.

Depois de mais uma noite bem dormida e de uma pequena sesta a meio da tarde fiz um ligeiro aquecimento de modo a preparar-me para a prova. Os 30 km feitos no dia anterior faziam com que sentisse as pernas algo pesadas mas nada de muito terrível. Era esperar pela prova e ver como esta se desenrolaria.

Após o tiro de partida o 1º classificado da geral arrancou para a frente da corrida e formou-se um grupo que continha desde o 2º ao 7º classificados, onde eu estava incluído. O primeiro terço da prova foi extremamente táctico pois ninguém atacava mas todos fomos passando pela frente do grupo. À medida que ia transpondo as constante subidas via que estava a sentir-me bem e que hoje podia ser mais um bom dia.
Foi sempre assim no início (Foto tirada por Natascha)
No início do 5º km (um pouco antes da tal “Horror Hill”) houve um ligeiro esticão no andamento do grupo ao qual eu consegui responder e mantê-lo. Ao início da subida decidi atacar e ver se alguém vinha comigo. Acabou por não vir ninguém e lá fui eu subida a cima a pensar se não teria sido demasiado cedo para forçar o ritmo, pois ainda faltavam cerca de 10 km.
Altura em que decidi atacar (Foto tirada por Julie Schmidt)
À minha frente seguia o 1º classificado da geral com 2 atletas que estavam a fazer a prova por estafeta com uma vantagem de cerca de 200 metros. Nesta altura tínhamos o vento nas nossas costas o que não dificultava a prova (para isso já bastavam as subidas).

Na viragem para fazer o regresso à meta apanhei vento de frente e então decidi forçar ainda mais na tentativa de recuperar os 100 metros que me separavam os 3 atletas à minha frente de modo a ter alguma proteção contra o vento. Foi novamente altura de cerrar os dentes e dar tudo (em estilo de contra-relógio) e acabei por apanhá-los um pouco antes do km 13. Aí, segui colado a eles de modo a compensar o esforço que tinha feito. Depois de conversar um pouco com o primeiro classificado da geral para trabalharmos em conjunto para ganharmos algum tempo vi que ainda conseguia meter mais uma variação de ritmo e aproveitei uma descida e subida seguinte para ficar apenas com um atleta da estafeta ao pé de mim. A cerca de 1.5 km para fim aproveitei nova subida para tentar seguir sozinho e consegui fazê-lo e ao ver a placa que indicava o último km (e que tinha uma última rampa dura com uma extensão de cerca de 400 metros) só pensava que hoje tinha de ser o meu dia e acabou mesmo por sê-lo!
Rampa final para a entrada na meta (foto tirada por Julie Schmidt)
Fiz pela primeira vez 1º lugar e ganhei algum tempo (não muito, no entanto) na luta pela classificação geral. À chegada à meta foi soltar um grito de felicidade e recuperar fôlego e ir cumprimentar os outros atletas que iam chegando e dar-lhes força naquela última subida. Fui ainda felicitado pela imensa comunidade que estava hoje na prova (voluntário, espectadores e outros atletas), o que faz sempre bem ao ego. Uma das atletas do sector feminino disse-me que quando me viu a fazer o retorno para a meta eu parecia um “man on a mission”.

Confesso que este é o tipo de corrida de gosto de fazer em constante sobe e desce. Abençoadas provas dos troféus “Sintra a Correr” e “Corrida da Localidades” que, apesar de este ano não ter feito muitas provas, me ajudaram na preparação global da época.

No final os 16.1 km da prova foram feitos em 1:03:29 num ritmo média de 3:56 / km. Fiz novamente a prova sem olhar para o relógio pois não era dia de me guiar por ele. Após a prova de hoje estou a cerca de 10 segundos do 5º classificado e com 4 minutos de avanço para o 7º. Mais detalhes da prova podem ser consultados aqui (http://connect.garmin.com/modern/activity/564538592) ou aqui (http://www.strava.com/activities/179913365).
Punho fechado e sorriso na cara: esta não me escapava! (foto tirada por Julie Schmidt)
Em comparação com os tempos realizados o ano passado de referir que o tempo feito por mim hoje é um pouco de 2 minutos mais rápido!

Independe mente do modo como decorrer a segunda metade da ENDURrun posso dizer que já me dou por muito feliz pelo que fiz até agora: ganhei uma etapa (que confesso nunca foi algo que eu achasse de muito concretizável) e mostrei que posso morder os calcanhares dos atletas mais fortes em prova (temos nos primeiros 7 lugares geral 3 antigos vencedores da prova e um que faz provas do IronMan além da larga experiência em provas de endurance e maratonas).

Amanhã segue-se o dia de descanso, onde deverei fazer uma corrida ligeira seguida de banho de gelo e depois massagem para recuperar destes primeiros 4 dias de corridas intensas.

Após a corrida e de ter feito uma corrida para descomprimir fui para a mesa de massagens de modo a fazer algum trabalho de recuperação muscular. Em seguida foi hora de atacar os doces, ou melhor a comida, e socializar com os atletas e voluntários que todos os dias estão nas provas.

Na sexta-feira esperam-nos cerca de 25 km em corta-mato de montanha onde teremos um desnível positivo acumulado de mais de 700 metros. Não será fácil, pois esta é a prova que considero a mais difícil da ENDURrun.

Obrigado a todos os que têm vindo deixar aqui o seu apoio J


João